Em post anterior, detalhei como obter meu livro gratuitamente, e ainda prometi publicar um capítulo de cada vez, semanalmente, às quintas-feiras, iniciando pelo Prólogo. Agora, vamos ao Capítulo 7! Boa leitura!


Capítulo 7

De férias, José voltou a Prado Verde. Até se admirou quando sua sogra não fez nenhuma objeção quando ele solicitou um mês de descanso.

Antes mesmo de chegar à fazenda, fez uma visita ao prostíbulo. Estava com saudade daquele lugar.

Foi quando conheceu Janete, que preferia ser chamada de Jane. Jane ou Janete, tinha chegado há pouco tempo na cidade e era a mais nova contratada de Madame Zuíla.

O interesse foi recíproco. Sentados a uma mesa de canto, conversavam animadamente.

— Tu vais vir hoje à noite? Perguntou Jane com malícia.

— Não sei, meu doce. Acabei de chegar e preciso ir em casa. Por ele, nem sairia dali, mas ao menos por enquanto, tinha que se controlar.

Jane viu as malas perto do balcão.

— Estás vindo de onde? Estava cheia de curiosidade sobre ele.

— Da capital. Estou de férias. José parecia encantado com o novo objeto de desejo.

— Devias vir morar aqui… disse ela, fazendo biquinho.

— Moro aqui. Meu trabalho na capital é temporário, talvez nem precise voltar. Era o que desejava e faria o que estivesse ao seu alcance para lograr êxito.

¨¨¨

Quando assomou à entrada da casa, seus filhos correram até ele, entre risos.

Da janela da sala, Dona Albertina os observava.

— Teu marido acabou de chegar.

Marina folheava uma revista, e nada falou.

Logo depois, ele adentrou a casa junto com as crianças e as cumprimentou com fingida cordialidade.

Dona Albertina não acreditava em nenhum gesto cortês vindo de José. O genro era para ela, a personificação da falsidade e do embuste. Devolveu-lhe o cumprimento sem muitos rapapés. Marina, por sua vez, o encarou com indiferença, fazendo um meneio de cabeça.

— Ganhamos presentes do papai! Anunciou Guilherme com um amplo sorriso.

Marina conseguiu sorrir. A única vantagem da presença de José naquela casa era a alegria que isso proporcionava aos filhos. Ali estavam eles, sentados ao chão, abrindo os pacotes com sonoras gargalhadas.

¨¨¨

Depois de demorado banho, José se vestiu apropriadamente para o jantar. Durante a refeição, trocaram poucas palavras sobre seu trabalho na capital, que não acrescentava muito ao que elas já sabiam.

O assunto sobre Zé Beraldo veio à baila na hora que tomavam café na sala, e as crianças já não estavam mais por perto.

— Se for tão perigoso quanto dizem, melhor ficarmos atentos. Considerou José.

— Uma vez apontei meu trabuco para ele, e se preciso for, faço novamente. Assegurou Dona Albertina, sem pestanejar.

— Creio que não será preciso, minha sogra — disse ele, com ar agastado — aqui na propriedade, existem homens fortes que podem cuidar disso.

Não tendo mais interesse em continuar com aquele assunto, ela indagou, de forma inquisitiva:

— Esteve em algum lugar antes de chegar aqui em casa? Em minha opinião, demorou um pouco, considerando o horário que saiu da capital…

— Visitei a família em Montesino. Mentia descaradamente, de forma despreocupada.

Mesmo na época em que morava com a família, José não lhe dava o devido valor, sem se importar com nenhum deles, preferindo estar ausente e gastar seu tempo com a vadiagem, em companhia de mulheres e outros conhecidos. Ao menos, era o que parecia.

O afastamento de seus familiares se tornou ainda maior depois do casamento e mudança para Prado Verde. E o inverso também acontecia. Quase não se viam, nem se visitavam, com exceção de algumas poucas vezes, em eventos comuns às duas famílias. Inclusive, eram praticamente estranhos aos seus filhos e vice-versa. Dona Albertina nunca entendera a verdadeira razão disso. Ele nada falava, ela nada perguntava.

— Isso me surpreende muito. Dona Albertina não acreditava nele.

— Nesses últimos tempos, andei pensando o quanto estive distante deles…

— E como foi essa sua visita tão inesperada? — ela tinha um sorriso irônico estampado no rosto — devem ter ficado espantados.

Marina não conteve o riso.

— Do que está rindo? Perguntou, incomodado.

— Da vida. Continuou rindo, quando respondeu.

— Nossa vida ficou muito engraçada e intempestiva depois que se juntou a nós. Dona Albertina também ria, contagiada pela filha. Megeras! Dizia José para si mesmo.


Na quinta-feira da próxima semana, continuaremos com o Capítulo 8.

Capítulo 7 do Livro Essa Família e os Outros© 2023, da autoria de Andrea Freitas Gondim. Todos os Direitos Reservados.


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